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Conhecido também como porco-do-mato, caititu ou pecari, o cateto é uma boa alternativa para quem tem interesse pela criação de animais silvestres. Além de preservar a espécie da extinção, a atividade também pode render bons lucros. Demanda crescente e oferta reduzida marcam esse novo mercado, com preços de venda superiores aos custos de produção.
Os interessados, no entanto, devem levar em conta que a criação é permitida somente com o acompanhamento de um responsável técnico na propriedade, como um zootecnista, médico veterinário, biólogo ou engenheiro agrônomo. O IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, órgão responsável pela autorização e registro do cativeiro, também exige a marcação dos animais, em geral feita aos 60 dias de vida.
Primo-irmão da queixada, o cateto (Tayassu tajacu) se diferencia desse parente sobretudo pelo "colar" de pêlos brancos ao redor do pescoço. A pelagem geral é longa, áspera, espessa e geralmente preta. O grande atrativo do bicho é a carne "de caça" - vermelha, de sabor exótico e com baixo nível de colesterol. O preço do quilo no varejo sofisticado bate a casa dos 40 reais, enquanto o produtor consegue de seis a sete reais por quilo vivo.
A partir de sua pele, desenhada com pequenos círculos castanho-escuros, é possível confeccionar bolsas, jaquetas, luvas e outros produtos. O material é bem cotado no mercado internacional e chega a valer 45 dólares o metro quadrado na Argentina. Já os italianos pagam 120 dólares por um par de luvas fabricado com couro de cateto. Alemães e franceses também são compradores da matéria-prima para a indústria de artigos de luxo.
O cateto tem excelente olfato e vive no continente americano, desde áreas desérticas até florestas tropicais. Semelhante ao javali, tem pernas delgadas e cabeça muito maior em relação ao restante do corpo. Quando adulto, pesa de 18 a 30 quilos, atinge altura entre 40 e 50 centímetros e comprimento de 75 centímetros a um metro. O peso mínimo para ir ao abate é de 22 quilos, o que leva cerca de um ano para ser atingido. Os filhotes nascem com cerca de meio quilo, e possuem excelente ganho de peso quando bem alimentados.
Na natureza, o cateto pode atacar o homem. Ao ser domesticado, porém, isso se torna mais raro. A criação pode ser boa fonte de renda, exigindo pequeno investimento inicial e pouca mão-de-obra. A rusticidade do animal, que tem baixo índice de mortalidade, impede o surgimento fácil de doenças.
Raio X |
CUSTO: matriz na faixa de 350 a 400 reais CRIAÇÃO MÍNIMA: seis fêmeas e um macho por baia (sistema intensivo); 20 fêmeas e três machos por piquete (semi-intensivo) Investimento inicial: 5,8 mil reais (intensivo); 11 mil reais (semi-intensivo) RETORNO: 20 meses (intensivo); 28 meses (semi-intensivo) REPRODUÇÃO: em média, dois filhotes em dois partos por ano |
Mãos à obra |
INÍCIO - a dica é comprar os primeiros exemplares de plantéis de produtores com experiência. Eles vendem animais de qualidade registrados e já adaptados aos sistemas de criação intensivo e semi-intensivo. Vale ressaltar que é obrigatória a presença de um profissional na atividade. INTENSIVO - o sistema caracteriza-se pela utilização de baias, mas pode também aproveitar galpões ou chiqueiros desativados. Como os animais ficam confinados, há maior possibilidade de estresse no plantel; por outro lado, o sistema torna mais fácil observar o desenvolvimento e fazer seleção da criação. Para abrigar até seis fêmeas e um macho, é necessário um espaço mínimo de 50 metros quadrados. SEMI-INTENSIVO - nesta opção de criação, os catetos são mantidos em piquetes, que devem ser de, pelo menos, 2,5 mil metros quadrados, o suficiente para acomodar 20 matrizes e dois reprodutores. Podem ser instalados em matas, pastos ou cerrados, sem que haja necessidade de retirar sequer uma árvore. Porém, há o custo com o cercamento de tela de alambrado, com malha de três polegadas e 1,5 metro de altura, sustentado por postes de concreto ou de madeira a cada três metros. A cerca é fixada em um baldrame (base de concreto) de 40 centímetros de profundidade, para impedir a fuga por baixo da tela. A colocação de fio eletrificado a entre 20 e 30 centímetros de altura do chão é uma alternativa mais barata para substituir o baldrame. ESTRUTURA - dê preferência para bebedouros do tipo concha, utilizados na suinocultura, ou feitos de alvenaria. O cateto tem dificuldade para se adaptar a bebedouros do tipo chupeta. Cimente uma área de dois metros em volta, pois o hábito de fuçar e o pisoteio dos animais criam buracos no terreno. Também pode ser feito um pequeno tanque de 2 x 1 metro de alvenaria e com bóia. ALIMENTAÇÃO - raízes e gramíneas são os alimentos preferidos do cateto, mas ele também come outros vegetais e frutos, até pequenos vertebrados. Cana, milho, mandioca, banana e frutas diversas, capim e abóbora formam a base das refeições do animal. A comida ainda pode ser produzida no local, como excedentes de horta e pomar. Outra opção de alimento é a ração comercial para suínos. O importante é que não falte alimento, sob pena de que as crias sejam atacadas. REPRODUÇÃO - o primeiro período de reprodução ocorre quando o cateto atinge de oito a dez meses, e pode procriar o ano todo - cruzamento não ocorre com outras espécies de porco-do-mato. Quando prenha, a fêmea leva de 140 a 148 dias de gestação. A cada parto, em geral dá à luz dois filhotes, que nascem com cerca de 500 gramas de peso. CUIDADOS - é recomendado vermifugar todos os animais a cada quatro meses. Podem ser usados vermífugos em pó para suíno, misturados na alimentação. |
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